Bronzeamento Artificial: Benéfico ou Maléfico?

Bronzeamento Artificial: Benéfico ou Maléfico?

O fator ambiental mais importante na causa do câncer de pele é a exposição à radiação ultravioleta. A luz solar tem grandes quantidades desta radiação, que se subdivide em ultravioleta A, B e C (UV-A, UV-B, e UV-C). Enquanto a UV-C é praticamente toda absorvida pela atmosfera, a UV-A e UV-B conseguem atingir a superfície terrestre e exercer o seu efeito danoso à pele humana. Noventa e oito por cento da radiação ultravioleta que atinge a superfície é do tipo UV-A, ficando a UV-B com o restante.

A UV-A penetra mais profundamente a pele que a UV-B e agridem o DNA das células de maneira distinta. Os primeiros estudos sobre os efeitos da radiação UV sobre a pele davam ênfase especial ao papel carcinogênico da UV-B, que causava um dano direto ao DNA das células. No entanto, todos sabem que a luz solar também é benéfica para o ser humano, pois o UV-B tem papel muito importante na produção da vitamina D, intimamente relacionada à saúde dos ossos e como fator importante na diminuição do chamado stress oxidativo, o qual exerce função benéfica contra os radicais livres implicados em uma série de efeitos danosos ao nosso organismo, que vai do envelhecimento natural até mesmo aos mecanismos que levam ao câncer. No entanto, pesquisas mais recentes têm demonstrado que 92% dos melanomas são causados por danos indiretos ao DNA causados pela UV-A.

Pode-se dizer que nos últimos 20 anos houve grande esforço por parte das organizações de saúde em educar a população para os hábitos sadios em relação à exposição solar, de forma a ensiná-la a aproveitar os benefícios da mesma, tentando minimizar-se seus efeitos colaterais, principalmente pela prevenção das queimaduras solares (bastante relacionadas ao aumento da incidência do câncer da pele). Achar o ponto ideal com relação à exposição solar natural, tentando-se compensar suas desvantagens com orientações sobre melhores horários de exposição (de preferência fora do horário, no mínimo, entre as 10 e 14 horas), o uso de protetores solares, roupas especiais que aumentam a proteção aos raios UV, assim como o uso da sombra, sempre foram bons conselhos que visam à prevenção, sem deixar de se aproveitar o que a exposição solar natural tem de boa.

Porém, os valores atuais da sociedade tem dado cada vez mais importância ao bem viver e a aparência. A importância que as pessoas dão ao prazer da exposição solar, assim como a tonalidade mais bronzeada da pele são fatores difíceis de serem contornados, uma vez que estas características estão relacionadas a uma aparência de bem estar. Como se não bastasse o excesso a este importante e natural fator, sabidamente danoso à pele, outro fator importante veio a ser o bronzeamento artificial.

Prometendo bronzeamento “rápido e seguro” este recurso realmente artificial seria a solução “ideal” para quem não podia ir à piscina ou à praia. O apelo comercial alegando de que o bronzeamento é “inofensivo por conter apenas emissões de UV-A”, não encontra respaldo na vasta literatura médica sobre o assunto que aponta tanto a UV-B como também a UV-A como causa de câncer cutâneo e principalmente do melanoma, que pode ser potencialmente letal. A literatura médica é abundante em trabalhos que demonstram a relação direta entre bronzeamento artificial e o surgimento de cânceres de pele, notadamente o melanoma, principalmente quando o este procedimento começa na adolescência. Justamente por causa destas pesquisas, órgãos de saúde pública nos Estados Unidos, na França, Alemanha, Austrália e Brasil, tomaram medidas no sentido de coibir o uso de câmaras de bronzeamento com finalidades cosméticas.

Desta forma, como o bronzeamento artificial é uma causa realmente evitável em relação ao câncer da pele, o GBM não recomenda sua utilização.

Referências:

  1. Volkovova et al. Environmental Health 2012, 11(Suppl 1):S12. http://www.ehjournal.net/content/11/S1/S12
  2. Brady MS. Public Health and the Tanning Bed Controversy – Editorial – Journal of Clinical Oncology 2012; 30(14): 1571-3.
  3. Zhang M et al. Use of Tanning Beds and Incidence of Skin Cancer. Journal of Clinical Oncology 2012; 30(14): 1588-93.
  4. Boyle R et al. Trends in reported sun bed use, sunburn, and sun care knowledge and attitudes in U.K. region: results of a survey of the Northern Ireland population. Brist J Dermatol. 2010; 163: 1269-75.
  5. Ting W et al. Tanning bed exposure increases the risk of malignant melanoma. Int J Dermatol. 2007; 46:1253-7.
  6. Buckel T et al. Recent Tanning Bed Use – A risk factor for melanoma. Arch Dermatol. 2006; 142:485-8.
  7. Schmidt CW. UV Radiation & Skin Cancer – The Science behind age restrictions for Tanning Beds. Environmental Health Perspectives 2012; 120: 310-3.
  8. Berwick M. Are tanning beds “safe”? Human studies on melanoma. Pigment Cell Melanoma Res. 2008; 21:517-9.
  9. Clough-Gorr KM et al. Exposure to sunlamps, tanning beds, and melanoma risk. Cancer Causes Control. 2008; 19:659-69.
  10. Gallagher RP et al. Tanning Beds, Sunlamps, and Risk of Cutaneous Malignant Melanoma. Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 2005;14:562-6.
  11. Mogensen M & Jemec GBE. The potencial carcinogenic risk of tanning beds: clinical guidelines and patient safety advice. Cancer Management and Research 2010; 2:277-82.

Fonte: Grupo Brasileiro de Melanoma


Fique por dentro das últimas novidades